domingo, 22 de junho de 2008

TREINEE, MUITO BEM OBRIGADO



Todos os anos grandes empresas, principalmente as multinacionais investem milhares de dólares para treinar e formar um seleto grupo de jovens talentos, considerados de alto potencial, com a aposta de que eles tragam suas habilidades á companhia e possam futuramente assumir posições que outros funcionários levariam mais tempo para alcançar.

Em busca desse palco, milhares de jovens se inscrevem nos programas de treinee e enfrentam verdadeiras maratonas e processos seletivos, muitas vezes tendo que mudar de cidade, estado, ou até de país. Todo o processo de seleção, estrutura e postos de trabalho oferecidos variam bastante de uma empresa para outra, mas de forma geral os programas duram cerca de um ano.

Apesar de ser tradicionalmente voltado para quem deseja fazer carreira na área de gestão empresarial, hoje em dia os programas estão abrindo oportunidade para todos os campos de atuação.

Entre os fatores que mais atraem recém formados para essa maratona, estão os altos salários e os diversos benefícios oferecidos, que podem incluir tratamento vip da diretoria e da área de recursos humanos, contatos freqüentes com altos executivos e a possibilidade de conseguir um cargo de executivo na empresa. Segundo Maria Elisa Aguiar, supervisora de uma das lojas da multinacional Holandesa C&A Modas, e que começou como treinee na mesma empresa que trabalha atualmente, o maior desafio enfrentado por quem se aventura no processo seletivo, é a falta de domínio do inglês o que acaba eliminando 60% dos que concorrem a uma vaga como treinee.

Ele disse ainda que outros candidatos ficam fora da disputa por não conseguirem se adequar ao nosso sistema da empresa, por não conseguirem agüentar a pressão das metas, ou por apresentarem um estilo de liderança autoritária. Apesar dos desafios, ele afirma que concorrer ao processo seletivo de treinee é uma das maiores jogadas profissionais que um recém formado pode fazer, porque o treinee é um funcionário normal, amparado pela CLT(Consolidação das Leis de Trabalho) e com o direito a um salário muito maior que a categoria ganha no mercado, o que gira na casa dos R$3,5 mil e chegando a R$5,5 mil, iniciais.

Muitos confundem o treinee com estagiário, mas a grande diferença está na dinâmica do trabalho. O estagiário é um estudante que recebe bolsa-auxílio, não é registrado e na maioria das vezes é privado dos benefícios. Já o treinee, além do alto salário e de todos os benefícios, tem a grande chance de aprender mais e construir uma carreira sólida em cima do treinamento recebido.

Além disso, tem a chance de conhecer todas as áreas da empresa e investir na que mais lhe agradar, mostrar suas habilidades diante do projeto que lhe é proposto, adquirir autonomia dentro da empresa onde atua, conquistar uma bagagem muito ampla de conhecimento podendo se destacar e chegar num futuro breve até a comandar a empresa que o submeteu a altas doses de treinamento. ‘’A essência do processo de treinee é formar verdadeiros líderes’’, afirma Maria Elisa.

Erlinda Santos

segunda-feira, 2 de junho de 2008

PODEMOS DEIXAR O SONHO ACABAR?

No ano de 1968 ocorreu a maior rebelião estudantil da história do Brasil. É o ano em que os secundaristas se engajam com mais vigor, trazendo para os protestos sua ousadia e audácia no movimento estudantil. Este é um tema riquíssimo porque 1968 é um emblema do ponto de vista histórico, econômico e cultural que ocorreu não somente no Brasil, mas nas partes mais importantes do mundo. Foi um período que aflorou com muito rigor o espírito libertário com um comportamento e um patriotismo único que se distingue de todas as épocas.
É esse contexto que sintetizou a abertura da semana 1968 na faculdade Estácio de Sá, com a pergunta, o sonho acabou? Com uma descarga de adrenalina, a militante do movimento estudantil nos anos 60, Gilse Cosensa abriu o livro da sua as vida descrevendo os momentos de terror sempre acompanhados do gostinho da glória que viveu durante o movimento nas décadas de 60 e 70, quando os jovens levavam a luta mais do que á sério e faziam valer seus direitos. O seu tema , ‘’Um olhar feminino sobre a luta política’’ revelou a essencia do movimento naquela época em que os jovens passava por cima de qualquer coisa que pudesse reprimi-los e ferir os verdadeiros objetivos. Gilse que já teve um pedido de prisão condicional por causa do seu currículo da faculdade apresentado como prova do quanto era perigosa e ‘’subversa inteligente’’, contou sua trajetória de lutas, onde teve que fugir, viver na clandestinidade, trocar de nome, ser presa, torturada fisicamente, sexualmente e psicologicamente, viver na clandestinidade, ficar separada de sua filha e sofrer as maiores atrocidades que um ser humano pode sofrer, disse que se pudesse voltar no tempo, mesmo sabendo de todas as perdas que teria, certamente viveria tudo de novo, porque hoje em dia ela vê que seu sacrifício não foi em vão.
‘’O direito de pensar, debater, se formar já não é mais crime como na nossa Época. Durante o movimento, tínhamos que mudar o mundo através dos líderes políticos e contestar a ditadura que predominava no país em que era crime estudar, questionar e propor. Hoje em dia, diferente daquela época, temos a chance de questionar, e lutar sem correr o risco de sermos presos e torturados. Infelizmente os jovens de agora estão muito passivos, vítimas do conformismo e não tem o espírito da luta para garantir seus direitos’’, desabafou Gilse.
O estudante de jornalismo Willian Félix, disse que o movimento de 1968 foi importante para as mudanças que aquela época aspiravam, mas que as conquistas de hoje são outras, e que passamos por um processo de evolução. ‘’Uma coisa é saber que existe tortura, outra coisa é saber que uma mulher foi torturada dessa forma. Fico muito impressionado com a coragem dela, mas sinceramente, não sei se os jovens de hoje teriam essa postura de bravura por causa de algum ideal’’, desabafou ele.